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  • André Fuck

Compulsão Alimentar

No texto de hoje falaremos um pouco sobre um dos principais transtornos alimentares, a Compulsão Alimentar. Esse transtorno está presente em cerca de 2-3% dos adultos e, como de se esperar, com uma prevalência maior nas pessoas obesas (em até 10% delas). Antes de iniciar, vale frisar que a compulsão como transtorno é diferente da ansiedade e do comer emocional, estes muito frequentes na maioria das pessoas que apresentam dificuldade para emagrecer. Ou seja, comer por ansiedade, por desejo ou pela tentativa de acalmar alguma emoção negativa não necessariamente configura um quadro de compulsão típica, que engloba uma série de outras características, como explicaremos a seguir.


Algumas pessoas apresentam de forma recorrente episódios de consumo descontrolado de grandes quantidades de comida, de forma a ficarem desconfortavelmente "cheias", seguidos de sentimentos de vergonha, angústia ou culpa. Diferentemente dos bulímicos, os compulsivos não apresentam algum comportamento compensatório (como induzir vômitos, tomar laxativos, praticar horas de atividade física ou ficar longos períodos em jejum). É típica uma sensação de perda de controle ao ato de comer, mesmo sem estar com fome, seguida de sentimentos de repulsa por si mesmo e angústia pelo que fez. Também é comum que os atos aconteçam escondidos, pois pelo embaraço da situação a pessoa prefere estar sozinha (inclusive mantendo comida escondida).


Se formos resumir, a compulsão alimentar tem como principais características o consumo exagerado de comida em curto espaço de tempo e a sensação de perda de controle frente à situação.

É comum que pessoas com transtorno de compulsão alimentar apresentem outras condições psicopatológicas, como depressão e transtornos de personalidade. Histórico de abuso sexual e agressão física na infância, Bullying e baixa autoestima também são frequentes, assim como uma forte insatisfação por sua aparência e forma física.


Devido a complexidade da situação, o tratamento adequado envolve um acompanhamento multidisciplinar com nutricionista, psicoterapia em grupo e individual, além de avaliação e acompanhamento médico com endocrinologista e psiquiatra, para diagnóstico correto e tratamento medicamentoso. O tratamento bem conduzido alcança taxas de remissão completa do quadro em até 70% dos casos.


Mesmo que apresentem um grau de obesidade significativa, normalmente não está recomendado a cirurgia bariátrica como tratamento de primeira linha, pois a taxa de reganho de peso e complicações pós-operatórias é muito maior nesses casos, além do risco de se tornar compulsivo em outras áreas (como jogos de azar, alcoolismo, compras, entre outros).


Se você se identificou com esse texto ou conhece alguém que pode se enquadrar nesses critérios, não deixe de procurar auxílio. Lembre que todo excesso esconde uma falta, e é nessa falta que o tratamento deve agir.



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