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  • André Fuck

Diabetes e COVID-19

Atualizado: 8 de jul. de 2020

Desde Dezembro/19 quando o mundo tomou conhecimento da doença causada pelo novo Coronavírus e de 11/03/2020, quando a OMS declarou a doença como uma Pandemia, temos visto que os casos de COVID-19 em diabéticos evoluem de forma mais grave e com taxa maior de mortalidade, tornando os diabéticos um importante grupo de risco para a doença. Para que possamos entender melhor este cenário, vamos discutir alguns pontos neste texto.


Em primeiro lugar, devemos esclarecer que os diabéticos não parecem apresentar uma chance maior de contrair a doença e também não apresentam quadro clínico diferente no início da infecção. A questão é a gravidade da doença nos infectados. E, neste caso, tanto diabéticos tipo 1 como tipo 2 apresentam maior risco de agravamento e morte pela doença (mais que o dobro da população geral). É sabido também que a doença bem controlada apresenta riscos menores de complicação, próximos da população não diabética em muitos casos, motivo pelo qual os esforços devem ser direcionados, de forma preventiva, ao bom controle metabólico em todos os diabéticos. E este tem sido um grande motivador para que o paciente diabético se cuide mais.



Os principais fatores relacionados à evolução ruim de um caso de COVID-19 em diabéticos são: Idade (> 60 anos), tempo de duração da doença, descontrole metabólico atual, presença de comorbidades (como as cardiovasculares), presença de complicações crônicas (em especial, nefropatia). Dentre as comorbidades, vale ter atenção na possibilidade de outras doenças autoimunes em diabéticos tipo 1 que podem comprometer o sistema imunológico ou que estejam em uso de imunossupressor, acrescentando um grau ainda maior de risco.  


Assim como já recomendado para a população geral, o isolamento social é fundamental para os diabéticos, em especial para aqueles com risco maior. Aqui vale restringir ao estritamente necessário as saídas de casa ou, de preferência, pedir ajuda para familiares fazerem compras ou afazeres externos. Lavar frequentemente as mãos e a face, usar máscaras quando for sair e não compartilhar objetos pessoais. Evitar qualquer vitamina ou composto que supostamente possa aumentar a imunidade, pois nenhum até o momento tem qualquer comprovação científica de efeito e pode dar a falsa sensação de segurança ao paciente. Muito cuidado também com o uso de antiinflamatórios e, especialmente, corticosteroides, ambos de uso corriqueiro nos dias de hoje. Seja pela agressão renal (do primeiro) ou da piora glicêmica (do segundo), o uso dessas medicações pode acelerar o processo de agravamento do quadro.



Procurar pronto-atendimento ou hospital em casos de tosse, febre e dificuldade para respirar e, em casos mais leves ou pouco suspeitos, entrar em contato com o médico assistente de forma remota ou ambulatorial.


Como comentado anteriormente, o conhecimento da população geral de o Diabetes ser uma doença de risco ao Coronavírus tem servido de motivador ao paciente se cuidar mais. E este período de confinamento apresenta características que podem auxiliar nisso. Antes de mais nada, é importante salientar a importância de uma rotina regrada, com horários específicos para alimentação e atividade física. Atenção especial a manter um boa hidratação e sono. Com relação à alimentação, aproveitar o momento para cozinhar alimentos mais naturais e saudáveis e evitar o consumo de açúcar e industrializados. Priorizar a hidratação com água ou líquidos sem calorias. Manter uma rotina de, ao menos, 30 minutos de atividade física por dia, que pode ser contínua ou intercalada. Por fim, dar um enfoque maior ao monitoramento da doença, aproveitando para conhecer melhor os níveis de glicose nos períodos pré e pós prandiais, em especial nos pacientes em uso de insulina.


 

Situações como a que estamos vivendo reforçam a importância do cuidado com doenças crônicas pouco sintomáticas, como o diabetes, a hipertensão e a obesidade. Devemos aproveitar esse momento (e esse holofote) para entender a importância de medidas preventivas de sucesso, cobrando investimento em políticas públicas efetivas e se conscientizando da necessidade de acompanhamento médico regular e de hábitos de vida saudável. Essa é uma grande oportunidade que a crise está deixando para cada um conhecer melhor sua doença e, assim, agir de forma a evitar futuras complicações.




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