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  • André Fuck

Pandemia e Vitamina D

Desde o início da Pandemia do Coronavírus em março deste ano, grande parte das pessoas tem praticado o isolamento social, conforme recomendado, e uma consequência indesejada disso foi a diminuição da exposição ao sol. Para agravar essa situação, os meses de frio diminuem ainda mais o contato das pessoas com o sol e, com essa situação somada, um assunto que vem à tona é a deficiência de Vitamina D.


Sabemos que aproximadamente 90% da fonte dessa vitamina é proveniente da produção cutânea após a exposição solar e as fontes alimentares não são suficientes para manter seu estoque adequado, por isso a preocupação com este tema, especialmente nos meses de inverno e durante a Pandemia da COVID-19. 

Já vivíamos um grande problema de carência de vitamina D na população, que foi agravado este ano pelo isolamento social. Em ambientes urbanos, as pessoas passam muito tempo em locais fechados e cerca de 80% delas estão carentes desta vitamina. O combate à exposição solar pelo risco de câncer de pele ou por motivos estéticos levou as pessoas de um extremo a outro. Hoje não se passa poucos minutos no sol sem que a pessoa se proteja dos pés à cabeça. E o preço disso é a falta de produção dessa vitamina tão importante, pois nosso organismo precisa dos raios ultravioletas do tipo B (UVB) para ativar a produção, e o filtro solar os inativa.


Alguns alimentos, especialmente peixes gordurosos, gema de ovo e derivados de leite também são fontes de vitamina D, mas devemos novamente lembrar que não conseguimos extrair dos alimentos quantidades suficientes para manter os níveis desta vitamina em equilíbrio. 

As pessoas que mais sofrem com a baixa nestes níveis são os idosos, as crianças e as gestantes, mas em geral todos saem perdendo com a falta dela. Dos benefícios comprovados desta vitamina, o mais estudado está relacionado à saúde dos ossos. Ela é responsável pela absorção do cálcio pelos intestinos e fixação do mesmo no tecido ósseo. Com isso, reduz o risco de fraturas, de osteoporose na vida adulta, de raquitismo na infância e de problemas relacionados à falta de cálcio, fósforo e magnésio, além de manter o osso saudável e forte. Também atua no tecido muscular, promovendo sua saúde e força. Pessoas com deficiência tendem a ter um desempenho muscular pior, além de problemas de dor e fadiga e também um maior risco de lesões e quedas. Mais recentemente, estudos vêm apontando a importância desta vitamina no fortalecimento do sistema imunológico, na prevenção e tratamento de problemas cardiovasculares, diabetes, doenças autoimunes e diversos tipos de câncer. Muito ainda está sendo estudado e não se tem certeza de todos estes benefícios, o que deve gerar cautela na sua utilização para estes fins.


 

Um tema que gerou bastante polêmica recentemente foi o papel da vitamina D no fortalecimento do sistema imunológico e, em especial, na COVID-19. A grande mídia foi inundada com reportagens especulando sobre o papel que a vitamina D pode desempenhar na redução da gravidade da infecção pelo novo Coronavírus. Estudos observacionais sugerem ligações inversas entre os níveis de vitamina D e a gravidade das respostas da doença, bem como redução na mortalidade, com a sugestão adicional de um efeito da vitamina D na resposta imune à infecção. Porém, outros estudos questionam essa ligação, descartando qualquer associação entre a concentração de vitamina D e as diferenças na gravidade da COVID-19. Os pesquisadores, mesmo os mais experientes no assunto, não conseguem chegar a conclusões pois os dados observacionais são muito confusos e, sendo assim, não recomendam qualquer protocolo específico de vitamina D na COVID-19.


 

Mas, a boa notícia é que a deficiência pode ser revertida de maneira simples e, independente de existir efeito ou não na COVID-19, não existem motivos para deixarmos seus níveis abaixo do ideal pelos outros inúmeros benefícios já comprovados. Alguns minutos de exposição solar sem protetor são suficientes para produzir vitamina para o dia todo. Se ficarmos 10 a 15 minutos no sol em dois a três dias na semana, com o rosto, braços e pernas expostos, já produzimos quantidades suficientes para o período. Se for ficar exposto por períodos superiores a este, recomenda-se então o uso de protetor solar. Fazer atividades ao ar livre, seja praticando esportes ou indo caminhar, são algumas formas de fazer isso rotineiramente. Também é possível fazer esta correção por meio de suplementação, em cápsulas ou gotas, lembrando que neste caso deve existir orientação médica, visto que quantidades excessivas também podem ser prejudiciais.



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